26 novembro 2005

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01 novembro 2005

Link com e-books

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Cantilenas da Meninice














O Arco-Iris da Ritinha

A Rita, rabica,
carapau,
sardinha frita...
Que pula e dança,
e no cabelo,
a franja...
Laço côr de rosa,
o colar é azul,
a pulseira é laranja...
É verde a camisola,
as calças são lilás,
e lá vai ela a cantar,
e tanto se lhe faz...
Este Arco-Iris,
a Ritinha fez pra mim,
num papel qualquer,
mas foi dado com um XI...

Imagem Gabriela Albergaria

Poesia de Silvestre Raposo

Testamento


Nunca vivi de joelhos,
Não fui “moço de recados”.
De frente peguei a vida,
Vi o bem,
Vi o mal,
Vi luxúria e traição.
Vi um amor sincero,
maior que o mundo,
caber na palma da mão.

Fiz poemas.
Pintei quadros.
Escrevi livros.
Aprisionei a ilusão.
Amei e fui amado.
Tive um sonh,o
na palma da mão.

Levo em mim ao partir,
a riqueza do que aprendi.
Deixo palavras,
sem valerem “um tostão”
e sonhos que foram ilusão.

Deixo o amor
maior que o mundo,
que me escapou
da palma da mão.

Poesia de Silvestre Raposo

Amar-te


Amar-te, foi
não ter palavras,
e sentir o silêncio
ao encontrar-te.

Amar-te, é
ficar triste,
por sentires a dor
da distância
e não poder confortar-te.

Amar-te, é
compartir contigo
a felicidade ou a dor,
não pode ser aprisionar-te.

Amar-te, é
ser capaz
de morrer por ti,
mas saber libertar-te.

Amar-te, é
viver um sonho
a teu lado,
e ao nascer do dia,
com beijos
Acordar-te.

Poesia de Silvestre Raposo

Tua mão


Numa tarde de Verão,
quando a angustia
me tomava
e a dor me prendia,
toquei tua mão.

…achei-te
…perdi-me
…encontrei-me

Encontrei em tua mão
a alegria de ver
…nova ilusão,
por outra vida viver
…outra razão,
sem o sonho perder,
numa tarde de Verão
encontrei tua mão.

Poesia de Silvestre Raposo

Para ti


Para ti sou segredo,
que esteve:
em muitos sonhos,
em muitos braços,
em muitos corações.

Sou
Ilusão,
Utopia,
Miragem,
que viaja em tempos
eternos
de eternos amores,
de variado sabor
que partem a alma
e sustentam a dor.

Sou
o suspiro
que te devolve
a esperança,
quando te sentes
perdida e de alma
dilacerada.
….
Mas tu,
para mim,
és muito mais.
És tudo,
pois sem ti,
não sou nada.

Poesia de Silvestre Raposo

Dos Poetas, Poemas e Sonhos


Os Poetas sonham, mas não como os outros comuns mortais, o seu sonho vai para além da vida e da morte, atravessa oceanos de palavras e mares de angústias.
Mas o que são e quem são os Poetas?
Quem pode ousar ir além do sonho?
Poetas, são todos os que dizem o que lhes vai na alma, os que sofrem se não soltam as palavras que lhes surgem na cabeça, sofrendo também, quando as não encontram.
Se porventura o seu sonho é tão intenso, que já não tem em si lugar e há momentos em que as palavras lhe faltam, é o morrer um pouco em cada dia.
Diz isto quem não é poeta, mas que fala daquilo que lhe vai na alma e escreve todos os dias as palavras com que sonha.






Silvestre Raposo

Poemas Coloridos à Solta

Hoje

Hoje escrevo,
com raiva,
com desilusão,
com mágoa,
com paixão...

Hoje pactua-se,
com a inveja,
com o ciúme,
com a subtileza da maldade,
com um punhal de mais de um gume...

Hoje age-se por cobardia,
para atingir um fim,
que é de um só,
com pózinhos de perlimpimpim...


Onde está a palavra dada?
O acordo de principios?


Poemas Coloridos à Solta

Dia de Junho

Imagem de betão,
junta num mar escarpado...
Manchas de óleo presas,
no labirinto das rochas.

Pescadores de linhas difusas,
procurando enrolar o peixe...
No carreto da amargura,
no dia, na semana que passou.

Eis que chegam os mirones,
metidos a senhores...
Óculos de sol e importância,
num status que não possuem.

E o vai-vem das ondas,
que me dão o silêncio...
Que preciso e procuro,
num universo de recordações.

Branca é a espuma,
no colete das gaivotas...
Que procuram um espaço desabitado,
repletas de ternura, olhar lapidado.

É assim a praia em Junho.
Frio, calor, calor, frio...
Num não saber, se ficar se partir,
na esperança que o nevoeiro passe.

Poemas Coloridos à Solta

Decisões

Já não sinto,
saudade no coração.
Já não sinto,
essa recordação...

O tempo passa, o tempo cura...
A marca fica, a vida perdura...

Hoje, decidi nada decidir...
Há decisões que não se tomam...
que não se decidem...
que não se explicam...

Explicações inexplicáveis,
Que deixam apenas fluir
sonhos agradavéis...

Contos P'ra Contar

O Ciclo Preparatório

As instalações onde iria funcionar a Escola Preparatória ainda não estavam concluídas, e como tal tivemos que frequentar as aulas nuns pavilhões pré fabricados no Liceu, hoje chamada Escola Secundária.
Foi verdadeiramente excitante começar a ter escola junto com alunos tão crescidos pois a nossa importância tinha duplicado.
Se na Escola Primária as turmas eram só constituídas por rapazes ou raparigas nesta escola o sistema continuava o mesmo, só se alterando no segundo ano quando fossemos para as instalações onde iria funcionar o Ciclo Preparatório.
O mais estranho na mudança tinha sido o facto de termos muitas disciplinas e consequentemente muitos professores.
Quando tocou a campainha, entramos para dentro da sala com ar muito tímido e aguardamos que a ou o professor chegasse para dar-mos inicio àquele ano escolar.
Enquanto aguardávamos, passei uma vista de olhos pela sala para estudar as minhas colegas e cheguei à conclusão que conhecia quase todas da Escola Primária, à excepção de meia dúzia vindas de não se sabe donde; pensei, no intervalo vou investigar…
Os meus pensamentos foram interrompidos com a entrada da professora de Francês.
Afinal já a conhecia do salão de cabeleireiro, era uma senhora muito alta de cabelo curto muito simpática e com um sorriso bastante amável, ainda bem que a nossa estreia no ciclo foi com ela.
Bonjour! Mon nom est Fernanda, Madame Fernanda. Disse em Francês para nos irmos habituando à língua.
Seguidamente explicou-nos o que era o sumário, ou seja o resumo da matéria que iríamos dar na aula, o horário , o que era o Francês, etc.…fizemos as despedidas e deixou-nos vir embora um pouco antes do toque de saída, dado que era a apresentação e ela compreendia quão diferente era agora a distribuição das aulas para nós.
No recreio, conforme referi atrás comecei a investigar quais e de que escola tinham vindo as minhas colegas novas. Lembro-me de uma em particular a Margarida que viria a ser uma grande amiga minha a quem nós pusemos mais tarde o nome de pulga eléctrica. Ao ganhar algumas novas colegas também perdi outras tantas como a Laura, a Paula Carvalho, a Paula que foram estudar para outras terras, embora com a Paula eu não tenha perdido completamente o contacto como mais tarde vos irei contar.
Seguiram-se todas as outras apresentações que estavam destinadas no nosso horário ou seja de Matemática, Português, História, Ciências, etc.…mas embora também conhecesse alguns dos professores não gostei na aula especialmente de nenhum, pois achava-os um bocado frios para connosco. Como tudo era diferente!…
Quando iniciei o Ciclo Preparatório comecei também com as aulas de música particulares para além daquelas que tinha na escola, é claro. O instrumento que eu desejava tocar era sem dúvida a viola, mas o professor não ensinava e tal como os colegas de música, escolhi acordeão.
No principio, a aprendizagem foi muito aborrecida, pois o professor começou a ensinar o solfejo, a teoria que explica a música: as notas que a compõem e como se faz a sua leitura, só mais tarde iniciamos a practica no instrumento.
Foi nestas aulas que descobri um dos melhores amigos de toda a minha vida, o António Manuel mais conhecido pelo Tó.
Bem cedo como podem constatar vi-me confrontada com a morte, primeiro foi o professor de ginástica que faleceu e seguidamente o professor de música que morreu num desastre de viação quando se deslocava para nos dar aulas. Estas, só duraram cerca de dois anos tendo eu desistido porque não queria ter outro professor, fiquei apenas com o ensino musical da escola.
Nesta altura fui a alguns encontros de escuteiros e ainda cheguei a inserir-me num grupo mas acabei por desistir pois não gostava que as actividades fossem tão impostas como de tropa se tratasse, ia contra a minha necessidade de liberdade embora com regras, pois não concordava com a anarquia que para mim significava o caos.
Já se sentia nesta altura um cheirinho a mudança embora ainda faltasse cerca de um ano para se dar o 25 de Abril. Pode parecer-vos muito esquisito eu falar muito sobre a Revolução dos cravos mas esta veio revolucionar todo um modo de vida se não a própria vida de todos os Portugueses de então, e todas as gerações vindouras.
Nesta altura os soldados Portugueses iam para a chamada guerra do Ultramar(todas as colónias Portuguesas de então: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, Timor, S.Tomé e Príncipe, todas em África, o grande Continente) esta existia porque essa colónias desejavam a Independência e tinham grupos de guerrilha para defenderem esses ideais de Liberdade.
Todas as famílias em Portugal tinham pelo menos um familiar nessa guerra estúpida como são todas as guerras, e como a minha família não era excepção, o Dinis hoje meu cunhado, partiu para Angola. Teve muita sorte pois não combateu no mato e esteve quase sempre perto da cidade; rádio telegrafista ,enviava e recebia mensagens não tendo de andar com a arma em punho. A maior parte dos nossos soldados trouxeram mazelas dessa guerra; algumas eram exteriores tal como falhas de braços pernas
ou olhos por causa do contacto com o rebentamento de minas; outras eram internas ou seja do fórum psicológico e muito mais difíceis de curar porque não se vêem, os restantes acabaram por perecer nessa guerra. Lembro-me de um episódio a que assisti na rua com um soldado recentemente chegado da Guiné, onde diziam a guerrilha era mais acesa e onde os turras assim chamavam aos soldados negros que defendiam a sua terra com unhas e dentes. Havia festa e como é tradição estoiraram foguetes( estoiraram dinheiro pois não vejo interesse nenhum neste costume que por vezes trás tantos dissabores, ficando as pessoas que os põem sem dedos, mãos como aconteceu a um menino meu vizinho que teve a curiosidade de agarrar numa cana de um foguete que ainda não tinha estoirado) de imediato esse soldado atirou-se para o chão no meio do passeio e colocando-se numa posição de ataque com a arma imaginária em punho sonhou derrotar todos os inimigos disparando á queima roupa. Fiquei como que paralisada, não imaginava que as pessoas pudessem ficar tão transtornadas por causa de uma guerra, na realidade ninguém imagina, é cruel demais…Nesse instante ouvi a ambulância e o triste soldado foi levado para dentro com um colete de forças a impedir-lhe os movimentos. Que sociedade esta que trata os seus filhos assim sem consciência nem piedade obrigando-os a ir para uma guerra muitas vezes por preconceitos costumes ou religiões!…
Deste ano escolar não tenho nenhuma recordação especial, apenas a ideia da adaptação a uma nova escola com rendimento médio escolar o que é próprio por causa da mudança.
Chegaram as férias e com elas o Verão e como sempre a Zizi iniciava as idas para a piscina e o treino da natação. Ah! como sabia bem respirar outra vez…
O segundo ano começou de um modo inesperado; em primeiro lugar fomos para as novas instalações, que linda que era a nossa escola nova!…, em segundo lugar as turmas passaram a ser mistas, o que me dava uma sensação de bem estar porque achava os rapazes muito mais camaradas que as raparigas e a turma apresentava-se bem mais unida.
Para inaugurar a Escola , na aula de música ensaiamos o Hino Nacional para recebermos o Sr Presidente da República (Pr Dr. Américo Tomás mais conhecido por corta fitas visto as suas funções, nos últimos anos e por ser cargo já vitalício , não constarem de mais nada , repare-se que o povo não tinha direito a voto à mais de trinta anos) enfeitou-se a escola de flores e os elementos do coro tinham que estar de bandeirinha na mão como é da praxe Apesar de tudo havia grande expectativa, pois nunca tínhamos visto de perto um Presidente e além disso como era Almirante vestia-se sempre de branco com a farda da Marinha que pessoalmente acho bem bonita.
Mas o momento passou depressa e as aulas recomeçaram em força. Se no primeiro ano do Ciclo transitaram da Escola Primária bastantes raparigas já colegas, no segundo ano vieram-se juntar alguns rapazes pertencentes também a uma turma de bastante bom rendimento escolar. Entre os quais o Tó personagem que já falei anteriormente, o Álvaro, o Luís, o Luís Pedro, o Rogério , o Albino, enfim eram tantos que nem dá neste momento para fazer a lista.
As apresentações aos professores fizeram-se de forma rápida pois depressa tínhamos os professores todos, Lembro-me em particular da professora de História a D Lídia, de Matemática D. Manuela , de música a D. Dulce, de Ginástica a Diana, etc.…
Esta Escola era bem mais longe de minha casa que a anterior e por vezes quando tinha pouco tempo de intervalo para almoço precisava de comer na cantina , o que era uma aventura Fazíamos muitas partidas uns aos outros mas o mais interessante era transformarmos aquela cantina numa espécie de restaurante , como nos sentíamos importantes…
As cem lições começaram-se a suceder nas várias disciplinas e os professores deixavam-nos fazer uma festa e esta incluía representações teatrais com textos inventados por nós, danças, canções., etc.… claro está que eu era uma das organizadoras pois as artes sempre foram uma das minhas paixões.
O meu rendimento escolar tinha melhorado em relação ao primeiro ano mas estava um pouco aquém das minhas capacidades, e o que mais contribuiu para isso foi o inicio da doença do meu pai. Embora a minha família tentasse de alguma forma esconder o que se passava, era impossível não notar que o bem estar económico tinha diminuído um pouco que a meio da noite havia pessoas a pé, que o meu pai aparentava cansaço.
Enfim acabara o segundo ano , tinha transitado para o terceiro ano do liceu e outra aventura iria começar pois chegara a Escola Secundária.