03 agosto 2005

A minha Sogra e as Outras

Apresentação


Devido à presença da nossa estrela na TV, e não querendo deixar passar ao lado tal evento, resolvemos homenageá-la com uma pequena peça que não deve ser encarada como uma obra de Sacuspier, mas sim como um filme de Valterdisnei.
A realização ficou a cargo da sobejamente conhecida Emijota, coordenadora de actores das novelas televisivas da Euroneves, e conta com a participação da famosíssima Têta Bosque e do nosso generoso amigo africano o Quimanda, o prólogo será lido pelo caríssimo Richard Aftarzarden.



O Bosque de plástico


Mimi Reciclagem é uma artista que tem vindo nos últimos anos, a desenvolver uma linha de intervenção que toma como sua fonte de inspiração e tema, o lixo de plástico que as pessoas deitam fora nas ruas de Berlim.
Recorrendo à fotografia, ao desenho e à instalação, a artista tem vindo a construir modelos de situações e a investigar histórias dos jardins de plástico.
A colonização e as testemunhas trazidas para a Europa, como as caixas dos hamburgueres do Mac Donalds e os paus dos gelados da Olá, proporcionaram à artista um forte conhecimento oriundo dos recônditos da sua infância, permitindo-lhe avançar para uma visão do pequeno para o resto do mundo e arredores.
O jardim de plástico, criado na Europa e a partir do Séc.20, define-se com uma identidade neo-natural vinda de processos históricos, sociais e políticos.
Por vezes essas entidades que nos parecem estáticas, são de facto fluidos, fungos, bactérias, resultantes de processos de contaminação. Daí a necessidade das estufas como a que veremos nesta sala de exposições.
O projecto de Mimi Reciclagem dialoga com toda a gente, veja-se quem é que nunca atirou uma garrafa de plástico para o chão, para a ver renascer ou a esmagou entre os dedos, dando origem pela metamorfose e ou osmose, a uma linda flor.

Richard Aftazarden- Não percebo nada disto.



A Entrevista


Têta: Bom Dia Mimi
Mimi: Bom Dia, tás boa?Têta Bosque?
Têta: Obrigada e tu?
Mimi: Eheh, eu também.
Têta: Qual o fascínio deste teu trabalho?
Mimi: O grande fascínio é ver aparecer as flores, não é?
Têta: Fascina-te a natureza selvagem?
Mimi: O selvagem, já não temos, esse já fugiu. O que é importante é saber o que que é a natureza e não o que se extrai dela, tipo: batatas, cebolas, alhos, frutos, comida e, tatatata....
Têta: Esta zona de Belém, é cheia de sinais, tem muitos plásticos coloridos.
Mimi: O cultivo das plantas é bom, porque estas não precisam de água, pronto, as plantas estão sempre em bom estado.
Têta: Fala da tua árvore.
Mimi: Isto não é uma árvore, isto é uma coisa qualquer, um desenho, isto é falso, isto não existe, não é?isto é uma construção, percebes? A Árvore está morta, morta...
Têta: E o que és tu?
Mimi: Eu, bem, eu sou uma Engenheira, porque eu tenho que tratar de ver se isto não cai em cima da cabeça das pessoas.
Têta: É difícil explicar o teu trabalho?
Mimi: Não. Isto é uma aventura e se fores visitar o meu site, eu tenho filmes para veres como eu me matei a trabalhar, na recolha de materiais, junto aos contentores amarelos, debruçada sobre, enfim, tatatata...Eu estou sempre a refazer o sentir, porque a realidade não interessa para nada porque eu estou sempre a mentir, eu sou uma mentirosa.
Têta: Como fotografas?
Mimi: Tiro fotografias a fingir, faz de conta que tiro, mas não tiro, é tudo falso, às vezes não ponho rolo na máquina, porque ela é digital. Eu escolho uma zona para fotografar e a máquina é que fotografa eu vou pintando as paredes, a zona, não é? Eu divirto-me muito a pintar aqui e acolá, como qualquer pessoa sabe fazer, mas depois fico obcecada, .percebes?
Têta: Como trabalhas?
Mimi: É sobre tensão, sim só assim se constrói e eu tenho tantas fontes e possibilidades que tudo equacionada toma forma.
Têta: No teu apartamento tens plantas?
Mimi: Sim, claro e falo com elas, porque é importante arrancar-lhe as folhas, tipo malmequer, tás a ver?para ver como vai ser a minha vida daqui a 100 anos. É muito interessante a união dos interesses, porque eu sou uma ignorante, eu não percebo nada de jardins, eu sou de Artes.
Têta: Qual é o jardim ideal?
Mimi: O jardim ideal é uma coisa qualquer cá dentro no nosso interior, claro que eu estou mais perto dele, porque ele está cá dentro , dentro de mim.
Têta: Desculpa, ele?
Mimi: Sim, ele o jardim, Ah!...não era disso que estávamos a falar?


Diálogo com o trabalhador...


Mimi: Desculpe,como se chama?
Quimanda: Quimanda Sora
Mimi Desculpe?!Quem manda sou eu, é possível serrar um pouco aquele ramo?
Quimanda: Se calhar não é possível dama.
Mimi: A sério?não acredito!então como vamos fazer?
Quimanda: O melhor é vermos do outro lado.
Mimi: Oh! a sério, veja lá se é possível.
Quimanda: A dama é teimosa, não vê que aqui não aparafusa por causa do nó?
Mimi: Do nó?
Quimanda: Sim. Chata que a Dama é! .E já tenho um nó na garganta mas é de sede.
Mimi: Vá lá, só mais um bocadinho, tome lá a garrafa, pronto.
Quimanda: Vou varrer agora este material aqui.
Mimi: Espere, espere,não pode pôr para o lixo estes pedaços que eu preciso deles.
Quimanda: Só se for pra colar com escupe.
Mimi: Oh meu lindo temos que aproveitar tudo o que a natureza nos dá. E eu vou aproveitar tudo ou eu não me chame Mimi Reciclagem.
Ai!!!maezinha!!!estes trabalhadores, não é???.

FIM

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